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O Velho Conto do Remédio Novo

Atualizado em 22/06/2016 Por Dr. Alexandre Feldman

A edição de 4 de abril de 2007 do prestigioso JAMA (Journal of the American Medical Association), traz um artigo intitulado Sumatriptano-Naproxeno para Enxaqueca Aguda.

Acontece que está em fase de testes clínicos um “remédio novo” para enxaqueca, à base desses dois componentes, sumatriptano e naproxeno.

Novo?

Sumatriptano é o “avô” dos triptanos, o primeiro de todos eles a ser lançado no mercado mundial, por volta de 1990. Seu nome comercial no Brasil é Imigran (do laboratório Glaxo Smith-Kline) ou Sumax (do laboratório Libbs). Ele está disponível em diversas apresentações e dosagens.

Naproxeno é um antiinflamatório que existe há décadas no Brasil, mais conhecido pelos nomes genéricos de Naprosyn e Flanax (ambos do laboratório Roche). Também pode ser encontrado em comprimidos de diversas dosagens.

O que ambos esses remédios têm em comum, em termos comerciais? A patente deles já expirou. O lucro, e portanto o interesse comercial nesses produtos, diminuiu.

O que ambos esses remédios possuem em comum, em termos clínicos? Tanto um quanto o outro podem ser eficazes no tratamento de crises de enxaqueca, dependendo de cada caso.

A idéia aqui, de cunho puramente comercial, foi patentear a combinação de sumatriptano e naproxeno em um único comprimido.

No fundo, é evidente que não se trata propriamente de um remédio novo, ou seja, uma molécula nova, um avanço terapêutico qualquer; mas sim de uma marca nova, um produto novo, que uma vez patenteado, não poderá ser imitado por outro laboratório durante um bom número de anos. Com esse produto “exclusivo” em mãos, o laboratório detentor da patente pode entrar com ações de marketing no sentido de vender esse produto como sendo “a nova solução para a enxaqueca”.

Eu atendo pacientes do Brasil inteiro e até de outros países, com os mais variados graus de enxaqueca, e raramente precisei recomendar a um paciente que tomasse um triptano e um antiinflamatório ao mesmo tempo. A regra é tentar um ou outro, para depois, se necessário, tentar ambos. É claro: quanto menos remédios for necessário, melhor.

Mas o que é melhor para você, nem sempre é melhor para a indústria. “Para que menos remédios, se eu posso tomar mais?” Esta parece ser a lógica por trás desse comprimido “novo”, que combina duas drogas já existentes.

Como é que uma revista médica de alto impacto como o JAMA, se presta em aceitar esse tipo de artigo – uma combinação de drogas que não acrescenta nenhuma novidade ao que já é prescrito atualmente – para publicação! Para mim, isso é um verdadeiro escândalo!

…Pensando bem, quem é o grande anunciante que sustenta publicações como o JAMA, se não a própria indústria farmacêutica… O círculo se fecha direitinho!

O artigo afirma que os pacientes tratados com a combinação de sumatriptano e naproxeno não apresentaram efeitos colaterais em maior número que aqueles pacientes tratados com ambas as drogas isoladamente. Alguém pode me explicar como é que se consegue este milagre? Para mim, isso prova, definitivamente, que a estatística, quando “bem manipulada”, pode produzir o resultado mais “interessante” que se deseja. Não é preciso entender de estatística para concluir que seu risco de sofrer efeitos colaterais é sempre maior quando você toma dois remédios ao invés de um.

Em breve, a combinação sumatriptano-naproxeno chegará à farmácia mais próxima de sua casa. Cuidado para não cair nesse velho conto do remédio novo.

Tópico: Com Remédios

Sobre o Autor - Dr. Alexandre Feldman

Médico clínico-geral (CRM-SP 59046), autor de vários livros sobre enxaqueca, criador e responsável pelo site Enxaqueca.com.br (onde você se encontra neste momento), palestrante, criador do termo "Medicina do Estilo de Vida", para designar a vertente da medicina que prioriza mudanças de hábito e estilo de vida para a prevenção e recuperação de doenças. Tem consultório em São Paulo, cidade onde mora com sua esposa, a culinarista Pat Feldman e dois filhos.

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